segunda-feira, 15 de abril de 2013

JOBAT NO LOULETANO — 9ª ARTE — MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (CIII) — JOSÉ RUY SOBRE EDUARDO TEIXEIRA COELHO (24 - final)


Como refere Jorge Magalhães no seu blogue O Gato Alfarrabista, “(...) Jobat (acrónimo com que se distinguiu no mundo da BD) iniciou um novo marco da sua carreira no jornal O Louletano, em que criou a rubrica “9ª Arte – Memórias da Banda Desenhada”, publicada desde 30/3/2004 até 27/7/2012, num total de 233 páginas, e só interrompida por causa do brusco desaparecimento daquele quinzenário regional, atingido também pela crise (...)” 

O Kuentro já republicou aqui 102 dessas páginas - todas elas enviadas em PDF pelo próprio Jobat - entre 31 de Julho de 2011 e 8 de Abril de 2013. Felizmente Leonardo De Sá possuía os PDFs de todas as páginas até à 222, pelo que se propôs fornecê-las para republicação neste blogue, a partir da 103, permitindo-nos assim continuar esta homenagem a José Batista e, por via do que ele publicou, abarcar um amplo arco da história da banda desenhada portuguesa. 

Bom, para quem fez as contas, verá que nos faltam exactamente as últimas 11 páginas de Jobat no Louletano... 
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Republicamos hoje a página 103, com que se fecha o ciclo dedicado a Eduardo Teixeira Coelho, recordado por José Ruy. Na próxima página inicia-se um novo ciclo, justamente dedicado ao próprio José Ruy!!!


NONA ARTE 
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA 
(CIII)

O Louletano, 20 Agosto 2007 

O ARTISTA, O MESTRE, O COMPANHEIRO, O AMIGO - 24 
Recordações de Tertúlia confidenciadas por José Ruy 

» Quem sabe se não tivesse havido «O Mosquito», eu próprio não teria chegado a receber o incentivo que me foi dado para continuar o duro caminho.

Por exemplo; o facto de se ter já montado a cavalo, in­fluenciará inevitavelmente na maneira de desenhar o cavaleiro sobre a sela, na técnica de segurar as rédeas, na colocação dos pés em relação ao andamento do animal quando, num trote, queremos que ele volte repentinamente para a direita ou para a esquerda.

Esta necessidade de tocar a verdade das coisas fícou-me da convivência com Eduardo Coelho. Contava-me ele: nos Açores, sua terra Natal, em miúdo ia por vezes para o mar nos frágeis barcos de pescadores, e descrevia as ânsias no estômago quando a onda faltava sob a quilha e o barco caía no vazio, para ser de súbito catapultado até à franja de espuma... quando um pingo dessa água feita chuva acertava num olho, «deixava-o a ganir» - como ele próprio dizia. Pode reparar-se como o Coelho consegue desenhar tão bem a água em todas as suas formas, nas circunstâncias que alteram o seu aspecto.

Dentro do possível, tenho tentado viver nos próprios locais os usos e costumes nas cinco partes do mundo.

Tudo serve para experiência a aplicar na banda desenhada. Porque a banda desenhada, para quem a sente de dentro para fora, é a própria vida.

Passo em revista o desfilar de sonhos quase todos reali­zados e reconheço a força interior que teve essa tertúlia de «O Mosquito», qual minúscula chama ainda hoje acesa em muitos de nós...

Tanto haveria ainda para dizer... mas julgamos ter dito o suficiente...

José Ruy
Setembro de 1982 


Terminaram aqui as crónicas que escrevi há cerca de um quarto de século, mas a aventura de E. T. Coelho continuou, com outros aspectos, em outras paragens projectando-se em todas as direcções. E. T. Coelho não nos deixou, como consta no registo necronológico, ele continua vivo através da sua obra e na memória dos seus admiradores. Pelas suas mãos ficam histórias que desenhou magistralmente, como também xilogravuras, pinturas, investigações sobre navios antigos, armas brancas e armaduras da idade média ao renascimento, trabalho que lhe granjeou o reconhecimento de ser o mais importante conhecedor da matéria a nível mundial.

É como aparece sob cada página de histórias em quadradi­nhos publicadas em jornais, a apreciação à obra de Eduardo Teixeira Coelho.


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No próximo número inicia-se a publicação de uma série escrita e ilustrada por José Ruy


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2 comentários:

  1. Caro Machado-Dias,
    Pode desde já contar com as últimas 11 páginas desta rubrica, que me foram enviadas também pelo Jobat, visto, nos últimos tempos, eu fazer habitualmente a revisão da sua página.
    Um abraço do
    Jorge Magalhães

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  2. Obrigado, Jorge! Assim ficamos com a coisa completa.

    Um abraço,

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